terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Capítulo V - O Despertar da Agonia

Enjôo. Dores fortes tomaram conta do corpo de Paula. Suas forças eram tão ínfimas que a garota não conseguia esboçar sua dor a não ser por um singelo gemido. Carmem se levantou e foi assistir a filha.
– Filha, é a mamãe! Você está me escutando? Enfermeira, enfermeira! – Gritou a mãe saindo pelo corredor a fora.
Paula balançava a cabeça de um lado para o outro na menção de afastar toda aquela sensação ruim. Carmem voltou acompanhada por um enfermeiro. Ele fez todos os procedimentos de forma calma e controlada.
– Mãe – disse o enfermeiro para dona Carmem –, não se preocupe, essa é uma reação normal. Eu vou contatar o médico agora mesmo.
– Mamãe – chamou Paula –, o que está acontecendo? Isso aqui é um hospital? Cadê o papai? E o Diego?
– Minha filha, calma, tudo vai ser explicado, mas tente não se exaltar.
Paula deu ouvido à mãe e fechou os olhos.

***

Dona Carmem estava do lado de fora do quarto ouvindo as recomendações do Doutor Alexandre.
– Paula saiu de um coma de cinco dias, dona Carmem, ela provavelmente não se lembrara de nada do acidente.
– Não, eu me lembro.
Paula estava de pé no batente da porta. Ela olhava para o chão, com os braços abertos, como se estivesse perdendo o equilíbrio. Paula caiu inconsciente no chão.

***

Toda história tem dois lados. Ninguém nesse mundo toma qualquer atitude sem se achar no direito de tal ato. Mesmo que esse ato seja tomado por um morto.
Diego, de frente para seu maior medo, se prendeu em um pensamento: eu não tenho mais nada a perder.
– Você... – Diego aproximou ainda mais seu rosto do de seu inimigo – Você me matou, desgraçado! – o homem riu, exibindo seus dentes apodrecidos. Seu hálito era fétido e gelado.
– Agora... você será meu canal! – o homem passou de leve a ponta de seu dedo indicador no rosto de Diego.
– Do que você está falando, seu demônio? Não vou ser nada seu.
– Manuel, deixe-o –, ordenou o enfermeiro que auxiliou Diego.
– Não se preocupe, moleque, eu volto logo! É só o tempo dessezinho aí ser chamado.
Manuel desapareceu mais uma vez em uma cortina de fumaça. Diego suspirou forte, aliviado. O enfermeiro foi auxiliar o rapaz a se levantar, mas o rapaz recusou a ajuda permanecendo no chão. Diego iniciou um choro engasgado.
– Que merda é essa toda que está acontecendo? Quem é esse demônio? Quem é você?
– Diego, tenha um pouco de paciên...
– Paula! – Berrou Diego meio ao pranto.

***

Paula despertou mais uma vez no leito do hospital. Ela viu que seu pai estava ajoelhado na beirada da cama, rezando. Sua concentração era tamanha que ele não percebeu o despertar da filha.
– Papai. – Paula estava com a garganta seca, engolindo a saliva com dificuldade.
– Filha! Graças a Deus, obrigado meu Senhor!
Seu Nestor abraçou sua filha e afagou sua cabeça.
– Papai, onde está o Diego? Eu escutei a voz dele. Ele gritar meu nome.
– Filha, eu preciso te contar uma coisa.
Paula olhou dentro olhos de seu pai, afim de que ele contasse a história que mais a abalaria por toda sua vida.

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