Diego era um jovem de vinte e seis anos. Ele tinha a musculatura de seu corpo definida devido ao seu trabalho. Dono de uma serralheria, o rapaz não se prendia apenas a serviços do escritório, mas também gostava do serviço braçal. Seus cabelos castanhos claros curtíssimos, raspado na maquia número 2 e sua barba por fazer, davam um aspécto mais velho do que ele realmente era. Diego que nunca conhecera o pai, era filho único de Clara. Há cerca de oito meses teve que fatidicamente interná-la no Sanatório Espírita de Uberaba.
A noite estava quente na cidade mineira. Diego estava de frente para a TV, olhava para o televisor, porém ele não assistia nada. Seu fitar preso ao nada deixava claro sua alienação ao seu envolto. Com as lembranças de seus últimos momentos com sua mãe em casa, Diego sente a amargura do sentimento de impotência perante a doença dela. Ele tentava de todas as formas encontrar algo que pudesse justificar esse impasse mental, algo que pudesse curá-la, de certo modo... miraculosamente.
Banhado pelo sentimento de saudade, Diego vai até o quarto de sua mãe pela primeira vez desde "aquele dia". O quarto estava em total desordem. Roupas jogadas pelo chão, uma pequena mesa onde ficava a TV estava caída, logo a frente estava o televisor preso pelo fio elétrico que não saiu da tomada. Um porta-retrato de Clara e Diego abraçados estava caído também. Seu vidro estava quebrado e a foto machucada pelas pisadas que levara. Ele sentou na beirada da cama segurando aquele retrato e sentiu um pesar muito forte. Uma tristeza sem tamanho o acometeu. A vontade de chorar veio a tona, mas ele se conteve. Diego prometera que não choraria mais por isso. Sabia que sua mãe estava doente, era tudo questão de tempo até ela se recuperar.
–É, já está na hora d’eu arrumar este quarto – disse ao vento.
Ele começou a recolher as roupas caídas no chão, ergueu a mesinha e colocou o pequeno televisor de 14’’ em cima dela. À medida que ia arrumando o aposento, lembranças de como o local ficou naquele estado lhe viam à mente. Uma briga entre Diego e Clara. Eles se ofenderam, ela não queria ser internada, dizia que via e escutava ele, que ele prometeu vingança.
Ele... segundo Clara, era o responsável pela desgraça que sempre abateu sua família. Que esse ele foi um inimigo do passado e só terá descanso quando destruir todosos mebros dessa família. Um homem desconhecido usando chapéu e roupão preto, lembrando um acoitador em um filme de terror de segunda. Diego nunca viu, sentiu ou ouviu algo, apenas sonhou com ele algumas vezes, mas acreditava que isso era reflexo da paranóia de sua mãe. Sendo um rapaz completamente cético, Diego não acreditava em espíritos, maldições, fantasmas ou qualquer outra coisa que seria tachada de... sobrenatural. Não chegava a ser ateu, acreditava em algo superior. O Deus que Diego idealizava era diferente de qualquer padrão religioso existente. Era uma crença peculiar, desprendida de dogmas e referências literárias, diferente de sua mãe que era católica não praticante.
Clara apresenta um quadro clínico de esquizofrenia, paranóia e também síndrome do auto-extermínio. Desde que Diego possa se lembrar, sua mãe era dada como louca pela vizinhança. A chamaram de macumbeira, bruxa, satanista; adjetivos ofensivos à qualquer um. Clara nunca deu muito ouvidos a esses títulos, porém Diego sempre foi zombado e apontado em seu grupo de colegas como “O Filho da Louca”, “O Sem Pai”, “Filho do Capeta” dentre vários outros apelidos. Ele não tinha primos, tios nem avós. O que sabia era que sua avó morreu no parto de sua mãe e seu avô morreu de cirrose antes mesmo dele nascer.
O rapaz abriu o guarda-roupa da mãe afim de guardar as roupas que arrumara e viu um casaco que lhe chamou a atenção: um sobretudo preto. No mesmo momento que ele viu o casaco, uma ligação da roupa ao tal espírito que já sonhara algumas vezes lhe fez gelar a espinha. Ele coloca as roupas cuidadosamente no chão sem tirar os olhos do grande casaco e, em seguida, o retira do guarda-roupa. Definitivamente era o mesmo sobretudo. Ele procurou nos bolsos qualquer coisa que o levasse a entender o surgimento da roupa, mas foi em vão. Diego retira o celular do bolso, preciona três botões e leva o aparelho ao ouvido.
– Oi... – respondeu ele secamente a saudação da pessoa do outro lado da linha –, você pode vir aqui em casa agora? – Um breve silêncio. – Ok.
Diego desligou o telefone e o guarda no bolso. Ele não conseguia parar de olhar para o sobretudo. O rapaz estava aterrorizado.
Banhado pelo sentimento de saudade, Diego vai até o quarto de sua mãe pela primeira vez desde "aquele dia". O quarto estava em total desordem. Roupas jogadas pelo chão, uma pequena mesa onde ficava a TV estava caída, logo a frente estava o televisor preso pelo fio elétrico que não saiu da tomada. Um porta-retrato de Clara e Diego abraçados estava caído também. Seu vidro estava quebrado e a foto machucada pelas pisadas que levara. Ele sentou na beirada da cama segurando aquele retrato e sentiu um pesar muito forte. Uma tristeza sem tamanho o acometeu. A vontade de chorar veio a tona, mas ele se conteve. Diego prometera que não choraria mais por isso. Sabia que sua mãe estava doente, era tudo questão de tempo até ela se recuperar.
–É, já está na hora d’eu arrumar este quarto – disse ao vento.
Ele começou a recolher as roupas caídas no chão, ergueu a mesinha e colocou o pequeno televisor de 14’’ em cima dela. À medida que ia arrumando o aposento, lembranças de como o local ficou naquele estado lhe viam à mente. Uma briga entre Diego e Clara. Eles se ofenderam, ela não queria ser internada, dizia que via e escutava ele, que ele prometeu vingança.
Ele... segundo Clara, era o responsável pela desgraça que sempre abateu sua família. Que esse ele foi um inimigo do passado e só terá descanso quando destruir todosos mebros dessa família. Um homem desconhecido usando chapéu e roupão preto, lembrando um acoitador em um filme de terror de segunda. Diego nunca viu, sentiu ou ouviu algo, apenas sonhou com ele algumas vezes, mas acreditava que isso era reflexo da paranóia de sua mãe. Sendo um rapaz completamente cético, Diego não acreditava em espíritos, maldições, fantasmas ou qualquer outra coisa que seria tachada de... sobrenatural. Não chegava a ser ateu, acreditava em algo superior. O Deus que Diego idealizava era diferente de qualquer padrão religioso existente. Era uma crença peculiar, desprendida de dogmas e referências literárias, diferente de sua mãe que era católica não praticante.
Clara apresenta um quadro clínico de esquizofrenia, paranóia e também síndrome do auto-extermínio. Desde que Diego possa se lembrar, sua mãe era dada como louca pela vizinhança. A chamaram de macumbeira, bruxa, satanista; adjetivos ofensivos à qualquer um. Clara nunca deu muito ouvidos a esses títulos, porém Diego sempre foi zombado e apontado em seu grupo de colegas como “O Filho da Louca”, “O Sem Pai”, “Filho do Capeta” dentre vários outros apelidos. Ele não tinha primos, tios nem avós. O que sabia era que sua avó morreu no parto de sua mãe e seu avô morreu de cirrose antes mesmo dele nascer.
O rapaz abriu o guarda-roupa da mãe afim de guardar as roupas que arrumara e viu um casaco que lhe chamou a atenção: um sobretudo preto. No mesmo momento que ele viu o casaco, uma ligação da roupa ao tal espírito que já sonhara algumas vezes lhe fez gelar a espinha. Ele coloca as roupas cuidadosamente no chão sem tirar os olhos do grande casaco e, em seguida, o retira do guarda-roupa. Definitivamente era o mesmo sobretudo. Ele procurou nos bolsos qualquer coisa que o levasse a entender o surgimento da roupa, mas foi em vão. Diego retira o celular do bolso, preciona três botões e leva o aparelho ao ouvido.
– Oi... – respondeu ele secamente a saudação da pessoa do outro lado da linha –, você pode vir aqui em casa agora? – Um breve silêncio. – Ok.
Diego desligou o telefone e o guarda no bolso. Ele não conseguia parar de olhar para o sobretudo. O rapaz estava aterrorizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário